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Meu filho não come!

Dra., meu filho não come!

Esse é uma das queixas mais comuns nos consultórios pediátricos. 


Há sempre uma grande expectativa e ansiedade dos pais para um solução rápida. Porém é necessário entender o porque essa dificuldade alimentar ocorre. Embora a alimentação seja voltada para a sobrevivência, é principalmente um ato de relacionamento do indivíduo com o mundo.

Suas primeiras relações com o alimento serão no útero materno. Sabe quando dizem que o que a mãe come, o bebê também come. É verdade! Já no útero ele passa a conhecer os sabores através da alimentação da mãe e esses influenciarão no seu paladar.

Nos primeiros meses de vida o bebê tem autonomia sobre suas necessidades, como chorar quando está com fome, porém com o início da introdução alimentar e por novas práticas utilizadas, como o uso da colher, os problemas em relação a alimentação passam a surgir. 

Por estabelecerem horários e quantidades arbitrárias de alimento, sem levar em consideração a fome e saciedade da criança, além de não deixa-la interagir com a comida, os cuidadores acabam interrompendo o processo de aprendizagem quando tentam alimenta-la. 


Além disso, um processo respiratório viral ou qualquer outro processo comum a essa faixa etária pode determinar uma diminuição temporária do apetite e os pais preocupados com a alimentação desencadeiam uma insistência exagerada, “forçando” a criança a comer, acabando assim por diminuir o prazer da hora da alimentação. Algumas crianças, quando forçadas, criam um mecanismo de repulsa, inicialmente apenas não aceitando o alimento, depois podendo vomitar somente ao ouvir falar do alimento.



Existem ainda outras causas comportamentais, como situações traumáticas, por exemplo os engasgos, levando associação com determinado alimento, além de causas orgânicas como doenças cardiorrespiratórias e dificuldade para engolir. 


E é papel do pediatra orientar os pais para prevenir desenvolvimento de uma dificuldade alimentar e, também, perceber onde há riscos e tratar para que não se agrave. 

O tratamento busca principalmente recuperar, para a criança, o prazer de se alimentar, além de recuperá-la nutricionalmente. É realizada uma avaliação antropométrica do estado nutricional, como medidas de peso e altura, além  de investigar minuciosamente todos os antecedentes em todos os seus aspectos, desde a gestação ao histórico alimentar. 

Em situações, como problemas graves na dinâmica familiar ou distúrbios emocionais sérios na criança, há a necessidade de encaminhamento a um psicoterapeuta.


Porém, podemos mudar alguns hábitos alimentares para ajudar no processo da dificuldade alimentar como manter intervalo adequado entre os lanches e hora das refeições, ele precisa ter fome; evitar distrações e ter atenção plena na hora da alimentação; encorajar a se alimentar sozinha, a autonomia alimentar deve ser praticada desde o início; faça as refeições em conjunto, a criança vai se espelhar nos pais e cuidadores; introduza alimentos diferentes, a monotonia alimentar faz com que a criança não tenha paladar para outros alimentos; não substitua alimentação por outra que ela goste como leite; não prolongue o tempo por mais de 20 a 30 minutos; não force e ofereça alimentos apropriados para a idade.

Importante dizer que esse é um processo longo e lento, mas que trará um enorme beneficio para criança e sua família. E por fim, vamos deixar os pequenos se divertirem e terem o momento da alimentação como algo especial.




Dra. Synara Martins

CRMSP 155.343 | CRMAM 7281 | RQE 86.118







 
 
 

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